A saúde não é um bem exclusivo da iniciativa pública, assim como não é da iniciativa privada. Mas contratos, parcerias e a própria tecnologia são capazes de garantir que conceitos como o de saúde baseada em valor – em inglês, Value-Based Health Care – deixem o imaginário e sejam verdadeiramente concretizados.

O principal ponto trazido pela linha de saúde baseada em valor é a medição dos desfechos em saúde e seus respectivos custos, a fim de garantir melhorias sistemáticas dos cuidados. Sem que as operadoras ou fontes pagadoras de serviço percam de vista os custos.

Saúde Baseada em Valor: entendendo o conceito

As ciências médicas têm a possibilidade de trabalhar sob diversos vieses: foco no quadro clínico, foco no tratamento ou foco na experiência do paciente, por exemplo. Quando falamos em saúde baseada em valor, são as ações que dão ênfase no resultado do usuário que ganham maior destaque.

Em saúde, o termo resultado centrado no paciente engloba todos os cuidados envolvidos desde a chegada do paciente até o momento em que ele é liberado de qualquer tipo de intervenção. Então, nesta avaliação são adicionados os exames, as consultas e tudo que for incluído em seu período de acompanhamento.

Claro que, em meio a este cenário, os custos não devem, em hipótese alguma, ser desconsiderados. Afinal, as fontes pagadoras também necessitam de meios capazes de reduzir suas despesas sem que o serviço ou paciente sejam prejudicados.

Mas além da redução de custos, é preciso pensar, a longo prazo, no modelo de saúde ao qual adotamos. Como já dito, o modelo de saúde baseada em valor leva em consideração o resultado centrado no paciente, colocando-o em uma linha de acompanhamento longitudinal. Isso quer dizer que os dados e todos os serviços são geridos e organizados a fim de criar um histórico que será utilizado para gestão do cuidado. Sem que neste percurso haja incentivos indevidos, custos e orçamentos descontrolados, muito comuns no modelo tradicional, que é baseado no pagamento por volume de serviços.

O paciente como centro do ecossistema de saúde

Quando o serviço passa a ser coadjuvante na gestão do cuidado, os resultados são muito mais satisfatórios aos pacientes. E sabemos que quando o público-alvo está sendo acolhido e bem gerenciado, menores são as taxas de reincidência, consequentemente, teremos uma redução de gastos.

Na prática, o que acontece é que no modelo de saúde baseada em valor, a remuneração em saúde se baseia na interação do paciente com o sistema. Ou seja, se pauta em resultados importantes para o próprio paciente. Para atingir esses resultados sem que investimentos desnecessários aconteçam, o melhor caminho é se apoiar na tecnologia e na análise de dados.

A relação entre dados e tomada de decisão

A ciência dos dados está sempre a nosso favor. Mesmo que o tópico principal seja resultado centrado no paciente, em muitos casos é preciso realizar uma revisão dos dados e estabelecimento das jornadas clínicas. Pois só assim será possível compreender as faltas e os excessos.

O que precisa ficar claro é que um dos grandes pilares da saúde baseada em valor são os dados. Pois as informações a serem repassadas aos pagadores envolvem as métricas de resultados obtidos pelos pacientes. Mas isso não significa que o ecossistema de saúde não precisará oferecer serviços, quer dizer que antes de ofertar qualquer tipo de intervenção, é preciso olhar para o paciente como um todo. Já que em saúde, o volume nem sempre resulta em qualidade.

A maior prova é a interdependência das atividades de cuidado. Porque o paciente só compreenderá valor no serviço a longo prazo, que será manifestado quase que exclusivamente pelos resultados. Então voltamos ao tópico de acompanhamento longitudinal: o valor indica a direção, e a cadeia fica a cargo das decisões e do gerenciamento clínico através de iniciativas que promovam a saúde do indivíduo. Quanto mais organizado, apropriado e eficaz esse planejamento, maiores são as recompensas e maior é a sustentabilidade econômica do setor.

Utilizar da tecnologia de dados é uma saída para manutenção da almejada sustentabilidade econômica em saúde. E os caminhos aqui desenvolvem a tecnologia de dados para coleta e análise em tempo real, com possibilidade de fazer uma Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning para suportar a gestão em saúde.

Cada paciente é único, mas os dados revelam que sempre existem saídas vantajosas para todos os envolvidos. Sem que para isso convivamos com altos gastos em saúde que poderiam, muito bem, ser reestruturados.